Imidazol: uma alternativa sustentável e eficiente para a produção de biocombustíveis a partir de bio

Milhões de toneladas de biomassa ricas em lignina, celulose e hemicelulose são produzidas todos os anos, principalmente na produção e processamento da soja, cana-de-açúcar, cacau e óleo de palma. O aproveitamento da biomassa gerada como resíduo industrial na produção de biocombustíveis é importante para aproximar a agroindústria de práticas sustentáveis. 

Entretanto, os métodos tradicionais de tratamento físico-químico da biomassa, como a explosão de vapor com ácidos diluídos e tratamentos alcalinos, geram resíduos que podem causar contaminações no solo e nos rios. Por essa razão, pesquisadores de todo o mundo dedicam-se a estudar alternativas sustentáveis para a produção de biocombustíveis. 

Dentre as possíveis alternativas, destaca-se a equipe de pesquisadores do Departamento de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade Federal do Paraná, liderada pelo Prof. Carlos R. Soccol. Entre as linhas de pesquisa deste grupo, está a viabilidade do uso de Imidazol (Nº CAS 288-32-4) como uma alternativa sustentável e barata, com benefícios de conversão ainda maiores da biomassa em açúcar livre para fermentação. 

Em um dos estudos publicado na revista Chemical Engineering Journal, com fator de impacto 13.273, os pesquisadores utilizaram bagaço de cana-de-açúcar seco e moído, gerado por uma indústria de açúcar do Paraná. O bagaço de cana-de-açúcar seco e moído foi incubado com Imidazol e, posteriormente, foi filtrado à vácuo para separar a fase líquida e isolar a porção rica em celulose. As frações separadas foram caracterizadas quanto à estrutura física, por espectroscopia no espectro infravermelho (FT-IR), difração em raio X (XRD), microscopia eletrônica de varredura (SEM), cromatografia líquida (HPLC), capacidade de hidrólise enzimática e produção de etanol por fermentação. 

Os resultados obtidos indicam que o tratamento com Imidazol permite a conservação da estrutura da celulose, aumentando sua conversão em açúcares fermentáveis e reduzindo a duração do processo como um todo. Questões como a viabilidade econômica do tratamento da biomassa com Imidazol, bem como implicações sociais e ambientais de longo prazo, ainda precisam ser apuradas. Por outro lado, pesquisas como esta são importantes para o desenvolvimento de abordagens técnicas que permitam o aproveitamento superior dos recursos financeiros e naturais utilizados na indústria bioenergética e abrem portas para a exploração de resíduos abundantes e com grande potencial biotecnológico. 

Vale ressaltar que, para esta e outras pesquisas, insumos e equipamentos utilizados são fornecidos pela Dsyslab!